segunda-feira, 31 de agosto de 2015

V

Cárcere mordaz que me vejo e instalo
Ó Grão Frecheiro, sua luz não ma vem
Nos confins dos limites onde tem
Me aptido a servir-te tal qual vassalo.

Dos venenos que me instive em probá-los,
Penitência no claustro afeito a quem
Tão pompo de si quanto alheio a outrem,
Não pode a dotes ou dons de usá-los.

Insurge-me o Urânio afim que me alçe
E o divo das chaves não tarda a ousar
De sua régia lei o correto acusar.

Não sói nos Amores fator que realce
Na crúcea volta propício causar
Por frustras horas lícito os usar?

domingo, 23 de agosto de 2015

IV

Quedo momento propício aos augúrios,
Enquanto setas sorria Selene,
Meu juízo prospecta assim pra que drene
O fio do porvir a ascetos murmúrios.

Mas horas oscuras vão sevos, fúrios
Os rudos servos de Arimã em sirenes
Rugindo ao Orco e rompendo o perene
Apraz silêncio tão caro a Mercúrio.

Em torpe furor, tal vale das mortes,
Lá mesmo excelso remédio reside
Se ao Caos extertor bom servo tem fides.

Algo há nisso uma razão que os conforte:
Em lágrima e tremor sempre progride
Bom peregrino em Amor a que os lide.

23/08/2015

domingo, 16 de agosto de 2015

III

Passos inócuos em círculos vis
Vejo que buscas por ela incessante
Fluídos vitais e valiosos instantes
Dedicas ao símile a quem servis.

Não a gestos ou a olhares sutis
Vislumbras quando a tens no semblante.
Ponderas, porém, em momento adiante
Quimeras medonhos em que a possuís.

Ó, Triste Peito! Não sentes e anelas...
Quais as vozes que em ti próprio habitam,
E ao pleno fluir dos amores evitam?

Susténs todos os cadeados e cancelas.
Congrega-te a teu meio e assim se quitam
Males pra que as Grãs Hostes o permitam.



16/08/2015